Significado de Sustentabilidade,
n.f. Atributo do que é sustentável, possível de suportar.
Etimologia de sustentabilidade,
Sustentável – vel + bil(i) + dade.
Sustentável, é uma palavra cuja origem deriva do latim “Sustentare”, tendo como significado o ato de sustentar, cuidar, conservar, amparar e proteger.
A filosofia, que serve de essência à definição de “sustentabilidade”, adquire a sua praticabilidade no “meio”, através do desenvolvimento sustentável, não sendo por isso possível dissociar estes dois conceitos. A palavra “sustentabilidade”, pode ser definida como a capacidade do ser humano em interagir com o Mundo, preservando o meio ambiente, sendo a sua exequibilidade, como em supracitado, alcançada através de um processo chamado, desenvolvimento sustentável.
As Nações Unidas (ONU), através da sua comissão que é responsável, pela proteção e desenvolvimento do meio ambiente, definiram este processo como, “O desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras, de satisfazerem as suas próprias necessidades, o que significa possibilitar às pessoas, agora e no futuro, atingirem um nível satisfatório de desenvolvimento social, económico, de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da Terra e preservando as espécies e os habitats naturais.”
A sustentabilidade assenta em três princípios basilares, sendo estes de cariz social, ambiental e económico. Estes três fatores, primordiais, necessitam de “funcionar” de uma forma integrada e consistente, de modo a criar sustentação no desenvolvimento sustentável, pois sem estes, não é possível a existência de sustentabilidade. Surge então a necessidade de destacar os termos “sustentabilidade social”, “sustentabilidade ambiental” e “sustentabilidade económico-empresarial”
A sustentabilidade Social, assenta na igualdade entre indivíduos, de uma determinada sociedade, obtendo-se assim um bem-estar físico, mental e espiritual, que resulta numa plena satisfação por parte da população.
A sustentabilidade ambiental, assenta essencialmente na conservação e manutenção do meio ambiente, baseando a sua efetividade num equilíbrio entre seres humanos e meio ambiente de modo a atingir a harmonia por completo.
A sustentabilidade económico-empresarial, assenta num modelo de gestão sustentável, que se traduz numa resposta capacitada de distribuição e utilização de riquezas, gerada pela atividade empresarial, tendo como objetivo a distribuição equitativa de lucros. A obtenção deste objetivo só é possível se as empresas adotarem estratégias de responsabilidade “sustentável”, de forma a que essa sustentabilidade seja refletida nos produtos e serviços ao dispor dos consumidores, gerando assim um consumo equilibrado e prazeroso por parte destes.
Os três princípios fundamentais que estruturam o conceito de “sustentabilidade”, aglutinam diversas áreas da sociedade, podendo estes, ser entendidos como “subfactores”. A Alimentação ganha destaque, como “subfactor” de relevância neste artigo, devido ao facto de esta ser a principal temática deste projeto.
O desenvolvimento humano, está implicitamente ligado à alimentação, de tal forma que se pode aplicar o cliché “somos aquilo que comemos”. No ano de 2050 seremos, segundo previsões da Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 10 biliões de seres humanos a habitar o planeta terra, o que levanta uma série de incógnitas, que se expressam facilmente da seguinte forma:
• Como garantir a existência de alimentação, que suprima as necessidades alimentares, da humanidade em 2050?
• Como produzir alimentação, suficiente para as necessidades humanas, sem que exista uma agressão ao planeta?
• Como responder de forma “positiva” às questões anteriores, sem potenciar o aumento do desemprego?
As Nações Unidas, através de um estudo realizado pelo “World Resources Institute” respondem a estas questões de forma resumida apenas com uma palavra, Sustentabilidade. No entanto, a sua exequibilidade, apenas é possível se forem atingidas, as seguintes cinco metas:
1. Reduzir o crescimento da procura de alimentos, bem como de outros produtos de origem agrícola;
Ou seja, o desafio de “alimentar” de forma sustentável, bem como os desafios económicos e ambientais associados a esta questão, dependem da necessidade de travar o nível de aumento da procura de culturas e alimentos de origem animal, até meados do século XXI. A estratégia de mitigação de alimentos, terras e gases de efeito de estufa (GEE), derivam de estimativas razoáveis dos níveis de crescimento da procura habitual, de colheitas e criação de gado. No entanto, é necessário ter consciência da inevitabilidade desse crescimento. O objetivo referido nesta meta (n. º1), tem como principal resultado reduzir esse crescimento projetado, de maneira social e economicamente benéfica.
2. Aumentar a produção de alimentos, sem potenciar a expansão de terras agrícolas;
Ou seja, além do objetivo fixado no ponto “n.º 1”, de forma global devem ser implementadas metodologias que potenciem o aumento da produção de alimentos nas terras agrícolas já existentes, de forma a atingir o objetivo de expansão “0”, de terras agrícolas. Em termos de taxas de produção das culturas e pastagens, estas devem exceder as taxas históricas de ganhos de produtividade.
3. Proteger e restaurar, os ecossistemas naturais e limitar a mudança e aumento de terras agrícolas;
Ou seja, o objetivo desta meta, visa concentrar esforços na gestão da terra, que devem ser capazes de complementar os esforços da redução da procura de alimentos, e potenciar os ganhos de produtividade, de forma a mitigar os danos causados pela limitação da expansão da terra agrícola. Um princípio orientador desta medida, é a necessidade de tomar decisões sobre o “uso” da terra, de forma a aumentar a eficiência para todos os fins (não exclusivamente para a agricultura), como o processo de captura e armazenamento de carbono, bem como outros serviços em prol da proteção do ecossistema.
4. Aumentar a oferta de peixe, para consumo;
Ou seja, o objetivo traçado nesta meta (n. º4) estabelece a necessidade de aumentar estrategicamente o consumo de Peixe (contribui com cerca 17% da proteína de origem animal), isto porque o seu consumo é de extrema importância para cerca de 3 biliões de pessoas, que vivem nos países emergentes. É de extrema importância, atingir um aumento de 58% de consumo de peixe entre os anos de 2010 e 2050, de forma a conseguir colmatar alguma possível escassez alimentar, resultante das estratégias adotadas nas metas anteriores. Esta meta contempla também, formas de melhorar o modo de gestão da pesca selvagem, aumentando a produtividade e o desempenho ambiental do processo de aquicultura.
5. Reduzir as emissões de gases de efeito estufa, resultantes da produção agrícola;
Ou seja, as emissões para a atmosfera, resultantes das atividades inerentes à produção agrícola, têm origem principalmente, no setor da pecuária, devido à aplicação e utilização de fertilizantes nitrogenados, ao cultivo de arroz e ao consumo energético. Estes processos de produção são tradicionalmente considerados difíceis de controlar, porém as inovações tecnológicas, ganham um papel de enorme preponderância pois possibilitam gerar expetativas, relacionadas com o aumento de produtividade, bem como de controlo e prevenção das emissões de GEE.
A aplicabilidade destas medidas deve-se, como acima referido, à previsão de uma curva acentuada no crescimento populacional, que se refletirá em cerca de 10 biliões de seres humanos no ano civil de 2050, que terá a procura por alimentos de características generalizadas (um aumento de cerca de 50%, face ao atual momento), como o principal impacto deste crescimento, sendo de extrema importância considerar, que na totalidade deste aumento, uma parcela de 70% se refere à procura de géneros alimentares de origem animal.
A pobreza extrema, é indissociável da fome que assola centenas de milhares de pessoas nos dias de hoje, em pleno século XXI, e estabelece um paradoxo com o mundo tecnologicamente desenvolvido dos nossos dias, em que a ocupação e constante mudança de terras para fins de produção agrícola, é uma negativa realidade, que revela números bem impactantes (esta indústria é responsável pela libertação de um ¼ das emissões anuais, de gases de efeito estufa).
Estamos então perante um cenário que nos obriga a traçar estratégias, de forma a que, num futuro próximo, possamos atingir metas, que se possam traduzir em resultados alcançados de uma forma concreta.
A alimentação humana, que atualmente se encontra enquadrada num mundo em crescimento demográfico, com dietas adaptadas ao modelo económico e social assente na globalização e inserida num contexto de alterações climáticas factualmente comprovadas pela ciência, debate-se com uma escassez crescente de recursos essenciais à vida humana. Urge então alterar o paradigma de forma a concertar estratégias para obter uma alimentação de futuro, saudável e ecologicamente sustentável, em que o seu acesso, esteja ao alcance de todos seres humanos.
Artigo elaborado por: Hugo Carvalho, Licenciado em Ciências do Ambiente

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